Imaginemo-las em plena cópula. Seguramos o mata-moscas, estudamos o melhor ângulo para o balanço. Balançamos.
As duas moscas caem no chão, coladas uma à outra. Arremetemos outra vez e elas, sempre coladas, escapam-se antes de o mata-moscas aterrar.
O mata-moscas estonteou-as, mas elas resistem, sempre coladas uma à outra: saltam, estrebucham, voltam a saltar, porém cada vez mais baixo, mais rente ao chão, asas translúcidas e trementes, estropiadas mas ainda sôfregas, sempre lúbricas até ao derradeiro alento.
Mesmo no estertor da agonia, as moscas optam pela paixão da morte conjunta.