
Nem sempre é fácil compreender o carácter aleatório das nossas memórias. Algumas estão sempre presentes, outras, estão escondidas à espera de algo que as desperte.
Encontrei recentemente uma fotografia minha, tirada em meados dos anos setenta. E fiz uma viagem no tempo...
Senti um desejo imenso de ir para o rio, de subir e saltar calhaus e penetrar naquele mundo aquático que me engendrava, e que mal conseguia ver atraves das grades da ponte.
Imaginava enormes trutas, ratazanas,cobras e sardões cavernosos, misteriosos ainda para mim...
...E depois… depois “cresci” ,e o meu pensamento vagueou pelas pedras do rio arquitectando as lavadeiras, os gestos, os dizeres e amores escondidos...
...Não me lembro se algum dia cheguei a pensar ser capaz destes escritos, mas a outra ponte lá ao fundo, fazia-me sempre sonhar com a possibilidade de o fazer.