
É no passado que vemos o tempo como se fosse o espaço.
Tudo está longe, na distância em que o passado é um imenso vazio vertiginoso. Como se caíssemos de uma grande altura e o tempo da queda, à distância, nos tornasse imóveis, como acontece com os acrobatas do ar, que vão caindo a uma enorme velocidade e contudo para eles nunca se cai.
É deste modo que caímos na recordação.
Nada parece ter-se movido... nada mudou porque estamos a cair a uma velocidade constante e só aqueles que nos vêem de fora- os amigos distantes há algum tempo- dão conta de quanto descemos e a que velocidade.
O passado é como essa terra imóvel que ontem visitei e relembrei.
Já o tempo ainda que parado, provoca-me vertigens.